O Ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, deu entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira. Desde quinta-feira, a possível saída do ministro vem sendo noticiada. Depois de longa explanação, ele confirmou que deixa o cargo devido à interferência política do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal.
“Vou começar a empacotar as minhas coisas e encaminhar minha carta de demissão”
A exoneração do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, foi publicada nesta madrugada no Diário Oficial da União. A saída do homem de confiança de Moro foi o ápice da crise entre o ministro e o presidente Jair Bolsonaro. Moro confirmou que não assinou o decreto da exoneração e não houve pedido por parte de Valeixo. Ele entendeu isso como uma sinalização de que o presidente o quer fora do cargo.
Moro falou que desde o segundo semestre do ano passado havia pressão do presidente Jair Bolsonaro para troca de chefias na Polícia Federal. Para ele, a equipe precisa ter autonomia para trabalhar a partir de critérios técnicos e não políticos.
“Eu disse para o presidente que não tenho problema em trocar o diretor-geral, mas desde que tenha uma causa ligado ao desempenho dele”, disse.
Para ele a troca demonstra uma interferência política na Polícia Federal, o que não ocorreu sequer durante a Operação Lava Jato, quando casos de corrupção eram investigados.
“Ontem conversei com o presidente e houve esta insistência para a troca da direção-geral. Falei que seria uma interferência política, ele falou que seria mesmo”.
Moro disse que tentou indicar então um nome, que mostrasse continuidade do trabalho técnico que vem sendo executado e não houve sinalização para isso.
“Foi ventilado o nome de um delegado que passou mais tempo no congresso do que na ativa e também do diretor da Abin. O problema não é nem quem indicar, mas porque trocar. O presidente disse mais de uma vez que queria ter alguém da confiança dele, alguém que ele pudesse ligar e ter informações sobre as ações em andamento e esse não é o papel da Polícia Federal”.
Outras informações dadas durante coletiva
Moro começou a coletiva lembrando sua trajetória como juiz por mais de 20 anos, na Operação Lava Jato e destacou a importância que a Polícia Federal tenha autonomia para trabalhar.
Sergio Moro destacou que desde que foi convidado para o cargo, em novembro de 2018, foi prometido “carta branca” para nomear todos os assessores, inclusive dos órgãos de polícia.
Moro negou que tenha assumido o ministério exigindo o cargo de Ministro do STF no futuro. O ministro falou que a única exigência feita ao assumir o cargo foi uma pensão para a família, caso algo acontecesse a ele. Ele disse que o objetivo de aceitar o cargo no Governo Federal, deixando a magistratura, sempre foi aprofundar o combate a corrupção e ao crime organizado.
Durante a coletiva foi feita um apanhado das principais ações do ministério desde o início de 2019, com a integração das forças de segurança, fortalecimento da Polícia Federal e redução da criminalidade.
O cargo de juiz federal, que Moro deixou quando assumiu o Ministério da Justiça, não pode ser retomado agora. Ele falou que irá descansar por um tempo e depois procurar emprego, pois não enriqueceu nem como juiz, nem como ministro. (Com CGN, via Portal Cantu).
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