A cada 34 minutos, uma criança ou adolescente é vítima de violência no Paraná

Fique de olho nos sintomas comuns em que está sofrendo agressões

Imagem ilustrativa/Reprodução

A cada 34 minutos, um caso de violência contra criança ou adolescente é notificado no Paraná. É o que mostram dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), ligado ao Ministério da Saúde, os quais revelam que entre janeiro de 2016 e setembro de 2021 (último mês com dados disponíveis) o estado registrou 88.373 ocorrências de violência interpessoal e autoprovocada contra jovens com até 19 anos de idade, o que significa que, diariamente, são notificadas 42 agressões de diferentes tipos (física, psicológica, sexual, tortura e trabalho infantil, entre outros).

Apenas em 2021, nos nove primeiros meses do ano, os serviços de saúde notificaram 9.141 casos de violência contra jovens. No ano anterior, 2020, houve 14.665 notificações ao longo de todo o ano. O número é menor do que o recorde registrado em 2019 (19.397 notificações), mas fica na frente do total de registros em 2016 (12.052). Além disso, importante ressaltar que as estatísticas de 2020 e 2021, divulgadas no final do ano passado, são preliminares e, portanto, sujeitas à revisão.

Do total de casos notificados no período analisado (2016-2021), o tipo de violência mais comum são as situações de negligência e abandono (42,7%), seguido pelos casos de violência física (29,9%), lesão autoprovocada (19,8%), violência sexual (17,6%) e violência psicológica ou moral (14,8%). O valor total supera 100% porque há ocorrências em que mais de um tipo de agressão é verificado num mesmo episódio.

Já quanto ao local de ocorrência da violação notificada, a residência onde vive essa criança ou adolescente aparece, em disparado, como o lugar mais frequente, respondendo por 75,2% dos episódios. Na sequência vêm via pública (8,9%), escola (3,75%) e comércios/serviços (2,1%).

Por último, também foi filtrado o vínculo entre vítima e agressor. E se a residência é o local onde ocorre a maior parte das agressões notificadas, pessoas próximas também costumam ser as responsáveis por perpetrar a violência: mãe (41,02%), pai (26,6%), própria pessoa (19,7%), amigos ou conhecidos (8,1%) e padrasto (4,5%) aparecem no ranking de principais violadores, que tem ainda pessoas desconhecidas da vítima (4,8%) em posição de destaque.

Volume de notificações cresce 12 vezes em onze anos
Desde o início da série histórica do Sinan, em 2009, o volume de notificações de agressão contra crianças e adolescentes cresceu 12 vezes no Paraná. No primeiro ano foram notificados 1.247 casos. Já em 2020 (último ano ‘cheio’ com dados disponíveis) foram 14.665.

Com isso o estado, que entre 2009 e 2015 oscilou entre o 3º e 7º lugar no ranking de unidades da federação com mais violações, ocupa desde 2016 o segundo lugar no ranking, aparecendo também como o segundo estado com mais notificações na série histórica: 130.808 casos registrados entre 2009 e 2021, atrás apenas de São Paulo (235.084) e a frente de Minas Gerais (120.654).

Situações como terror noturno, pesadelo, insônia ou até mesmo o contrário, de um jovem de repente começar a dormir demais, em excesso, são alguns dos sinais que indicam que algo de errado pode estar acontecendo com uma criança ou adolescente. Também é possível notar alterações na alimentação, a adoção de comportamentos mais agressivos e irritadiços.

Para proteção da juventude, é fundamental que as pessoas denunciem diante de um caso suspeito, sempre tendo em mente que a denúncia não é uma acusação, mas sim uma informação para um órgão competente averiguar o que pode estar acontecendo. “Uma denúncia pode salvar uma vida e salvaguardar os direitos de uma criança e adolescente, melhorando a qualidade de vida dela”, destaca a psicóloga Daniela Prestes, do Hospital Pequeno Príncipe. “A denúncia pode ser anônima, mas é preciso que seja algo sério. Pode liga no 181, no Paraná; no 156, de Curitiba; e no 100, nacional. Esse é o caminho da ajuda.”

A especialista ainda destaca que os casos de violência contra jovens independe de cor, credo, classe social ou de condição socioeconômica e cultural. Por outro lado, o agressor, em geral, é uma pessoa com baixa escolaridade, não raro com situações de uso de álcool e/ou outras drogas e com um passado criminal. Além disso, também é comum que, ao se analisar o passado familiar, se verifique a existência de outros episódios de violência na família.

Maio Laranja resulta em oito prisões na capital paranaense
A Polícia Civil do Paraná (PCPR) divulgou ontem um balanço das ações relativas à campanha do Maio Laranja em Curitiba. Ao longo do mês passado foram realizadas oito prisões na capital paranaense, quatro delas em flagrante e quatro por mandados de prisão. Ainda durante o mês, a PCPR registrou 163 boletins de ocorrência envolvendo crimes contra crianças e adolescentes.

A campanha do Maio laranja visa combater o abuso e a exploração sexual infantil no Brasil, além de reforçar a conscientização sobre o tema. Ao longo de todo o mês, o Núcleo de proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes (Nucria) realizou operações diversas, além de ter promovido campanhas de sensibilização e informação da sociedade.

Para denunciar anonimamente a população pode ligar para o disque 100 ou 181. Denúncias de crimes ocorridos em Curitiba podem ser feitas pelo telefone (41) 3270-3370, diretamente à equipe de investigação.

Neste sábado, dia 4 de junho, é celebrado o Dia Internacional das Crianças Inocentes Vítimas de Agressão. A data foi proclamada em 1982 em sessão especial de emergência da Assembleia Geral e é marcada para chamar a atenção global para a dor sofrida pelos menores vítimas de abusos físicos, mentais e emocionais como parte dos esforços da organização para cumprir os princípios da Convenção sobre os Direitos da Criança. O tratado internacional de direitos humanos foi o mais ratificado da história. Na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, a meta 16.2 se propõe a acabar com todas as formas de violência infantil, tendo o abuso, a negligência e a exploração de crianças integrados em alvos relacionados ao fim da violência.

OS NÚMEROS

Casos de violência interpessoal e autoprovocada envolvendo crianças e adolescentes no Paraná
2021*: 9.141
2020: 14.665
2019: 19.397
2018: 17.701
2017: 15.417
2016: 12.052
TOTAL: 88.373
* Dados até setembro de 2021

(Com Gmais Notícias).


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